quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Turma da Tribo - resenha por Renato Medeiros

É um fato inegável que os quadrinhos brasileiros que possuam temáticas totalmente voltadas para a nossa cultura e "jeito" de ver o mundo é escassa, e quando existe pouco divulgada. Imagina saber que existe quadrinhos feitos aqui que são de ótima qualidade e muitas das vezes melhores do que os quadrinhos encontrados no mercado atual. Nesse sentido é com grata surpresa que li recentemente uma hq do grande Gian Dantons  (Pseudônimo de Ivan Carlos  Andrade de Oliveira) e do talentoso Ilustrador Ricardo Manhães chamada Turma da Tribo. Essa hq me fez sentir imensa satisfação com sua leitura, pois me fez lembrar com sua narrativa que mistura  humor e critica de forma inteligente que podemos produzir historias em quadrinhos sem necessariamente apelar para o senso comum. O impresso me surpreendeu em dois sentidos específicos, a saber Leia mais

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

O chamado da Quimera - roteiro Leonardo Melo



Pág. 01:

Q01: Um homem franzino está atravessando a porta de sua casa. O vemos de perfil, no canto direito do quadro, expressão de cansado. Ele veste terno e gravata e segura uma pasta executiva e uma sacola com a mão esquerda enquanto abre a porta com a mão direita. Neste quadro ainda não temos muita noção de como é o interior da casa. Este é Rodney Nash, nosso protagonista. Seus cabelos são curtos e castanhos.

Q02: Quadro um pouco mais amplo. Vemos Nash de costas. Ao fundo, sua mulher está lhe esperando, sentada no sofá. É uma mulher gorda e feia, cabelos em formato “abajur” e despenteados, a pele bastante enrugada e uma baita verruga no nariz. Ela está sentada no sofá com cara de poucos amigos:

MULHER: Trouxe o que eu pedi?
NASH: Oi, amor. Olha, na verdade, não tinha peru...

Q03: Fileira intermediária. Vemos Nash de frente, tirando um frango de dentro da sacola, com um sorriso cínico e temeroso no rosto. A mulher dele não aparece no quadro, mas vemos seu balão mesmo assim:

NASH: ...mas eu trouxe frango, serve?
MULHER: Meu Deus do céu, homem! Quantas vezes preciso dizer? Quando peço uma coisa, eu quero essa coisa! Se peço peru, eu quero peru, não frango!
MULHER: Será que você não presta nem pra isso?

Q04: Nash está fechando a porta, cabisbaixo. O vemos meio de frente, meio de lado. Ele largara a sacola e o frango em outro sofá. Ao fundo, sua mulher está se levantando, irada:

NASH: Mas, amor... não é época de peru...
MULHER: E peru tem época, decerto, seu infeliz? Peru não dá em árvore! Incompetente!

Q05: Seqüência de três quadros na fileira inferior. Nash está passando pela sala, pela frente de sua mulher, cabisbaixo. Sua mulher é vista de frente, parada. Ainda segue tagarelando:

MULHER: Eu estou sozinha mesmo! Tenho que fazer tudo, pensar em tudo, tudo sozinha!

Q06: Nash está entrando no quarto. O vemos de frente, dobrando para a nossa esquerda. Sua mulher vem atrás dele no corredor, aos fundos:

MULHER: Há anos eu repito a mesma coisa! E adianta alguma coisa? Claro que não, né? O senhor fica aí, com essa cara de cachorro abandonado! E nem me dá ouvidos!!!

Q07: Vemos a mulher dele de costas, já dentro do quarto. É uma suíte e ao fundo, vemos a porta do banheiro se fechando.

MULHER: Ei! Não ouse se trancar no banheiro enquanto eu falo com você, seu imprestável!!!



Pág. 02:

Q01: Nash dentro do banheiro, de perfil na frente do espelho. Com uma mão está apoiado na pia, com outra está esfregando os olhos, ainda a mesma expressão cabisbaixa.

NASH: Deus... como foi que eu me meti nessa?

Q02: Mesmo tamanho do quadro anterior, mesmo ângulo. Mas o vemos meio de costas, agora, já que ele está indo até o box, nos fundos, enquanto desata o nó da gravata, puxando-a para o lado.

Q03: Quadro pequeno mostrando apenas ele abrindo a torneira do chuveiro.

Q04: Quadro do mesmo tamanho do Q01 e do Q02, talvez um pouco menor. Mostramos apenas ele na banheira, relaxando.

Q05: Quadro estreito na lateral da página. Nash está de pijama e pantufas na cozinha, cara de sono. Ele está com a palma da mão aberta e estendida, como se segurasse algo. Com a outra mão, segura um copo d´água.

Q06: Três quadros pequenos agora, um abaixo do outro, ao lado do quadro estreito. Close em sua mão, de cima. Ele segura dois comprimidos do tipo “aspirina”.

Q07: Close nele, de perfil. Está colocando os remédios na boca.

Q08: Close nele, de perfil. Está tomando o copo d´água.

Q09: Quadros pequenos na fileira inferior. Está saindo da cozinha, apagando a luz.

Q10: Está na porta do quarto, olhando para a cama. A luz está apagada, sua mulher está dormindo já, de costas para ele e para nós.

Q11: Está deitando na cama e erguendo as cobertas para cobrir-se.

MULHER: Abaixa logo essas cobertas que tá frio!!!

Q12: Close nele, deitando a cabeça no travesseiro e fechando os olhos.


Pág. 03:

Q01: Repetição do quadro anterior, mas o close é ainda mais fechado, de forma que vemos apenas seu rosto, não fazendo idéia do cenário. Sabemos apenas que é dia, porque o quadro está mais iluminado.

NASH: Hmm... hm? Hm… amor…?

Q02: Repetição do quadro anterior.

NASH: Amor, desligue a tevê, sim?
NASH: E... se puder fechar as janelas... está um vento tão frio...

Q03: Repetição do quadro anterior.

NASH: Nossa... essa cama está tão dura...

Q04: Fileira intermediária. Uma pequena onda de água é jogada no rosto de Nash.

Q05: Ainda o vemos em close, mas ele começa a se levantar. Está de olhos fechados, limpando o rosto.

NASH: Ai, também não precisava jogar um balde de água na minha cara... eu já ia...

Q06: Nash finalmente abre os olhos. Expressão de espanto.

NASH: ...levantar?
NASH: Oh... Meu...


Pág. 04:

Q01: Quadro amplo, ocupa quase a página inteira, abrindo um panorama geral: Nash está numa jangada de madeira, no meio do oceano, vestindo farrapos. Não há o mínimo sinal de terra próximo a ele. O vemos de cima, um tanto afastado, para dar idéia da imensidão do oceano.

NASH: ...Deus!!!

Abaixo, o título: “O Chamado da Quimera”

E os créditos: “Leonardo Melo – Roteiro | Ângelo Ron – Arte” |
 
Q02: Fileira inferior. Close em Nash, apavorado.

NASH: Que... que diabos... como... não pode...

Q03: Ele fecha os olhos e leva as mãos aos cabelos, tentando se acalmar.

NASH: Rodney, se acalme. Isso é um sonho. Só pode ser. Feche seus olhos, se concentre. E acorde. Vamos.
NASH: Acorde!

Q04: No canto direito, temos a visão em primeiro plano do barco de piratas, com um deles na beirada e apontado para Nash, ao fundo, no canto esquerdo, com cara de surpresa. O pirata grita enquanto aponta para ele e olha para o interior do navio, provavelmente para seu capitão, com um sorriso cruel.

PIRATA: Homem ao mar!!!

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Conheça o herói que ganha poderes fumando e outros personagens bizarros

São tantos os super-heróis criados no mundo dos quadrinhos que a quantidade de roteiros e explicações possíveis para como eles adquiriram seus poderes deve beirar milhões. Por esse mesmo motivo, alguns personagens mais excêntricos estão fadados a nascerem, como é o caso de um defensor da justiça da década de 1960 que obtinha suas habilidades ao acender um cigarro.
“8-Man” surgiu originalmente como uma tira de quadrinhos semanal no Japão, publicada entre 1960 e 1963, que posteriormente se tornou um desenho animado de trinta minutos, ficando no ar até 1964. A partir de 1965, o programa ganhou uma versão norte-americana com algumas mudanças para adaptação ao gosto do público local, passando a se chama “The Eight Man”.
O desenho contava a história do policial Peter Brady (detetive Yokoda na versão japonesa), que foi morto por bandidos e teve seu corpo transformado pelo cientista Professor Genius (chamado Tani no original). O herói foi a oitava tentativa do pesquisador de trazer alguém de volta à vida, sendo a primeira bem sucedida, e teve sua essência vital transferida para um androide superpoderoso.
Fonte da imagem: Reprodução/Arcade Gear

Tragada especial

Embora todos saibam que ser um fumante de peso certamente não é o ideal para quem quer correr, pular, voar, lutar contra o crime e realizar outros feitos maravilhosos, para 8-Man isso era a chave para os seus poderes. Assim como Popeye engolia latas inteira de espinafre, o androide recarregava sua “reserva de energia atômica” com uma substância feita em laboratório e enrolada em papéis. Bastavam algumas tragadas e ele estava pronto para a luta. Leia mais

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Turma da Tribo - resenha do site Chamando Superamigos


Ricardo Quartim


Imagine um álbum europeu nos moldes de Asterix, Tintim, Spirou ou outros do mesmo estilo. Agora transporte a história para o Brasil nos tempos atuais. Troque a aldeia gaulesa de Asterix por uma tribo indígena com personagens  tipicamente nacionais. Acrescente uma trama ecológica com cunho educativo porém sem ser chata e cansativa. 
Pronto! Está criada a Turma da Tribo.  
Com roteiros  de Gian Danton (pseudônimo de Ivan Carlo Andrade de Oliveira) e arte de Ricardo Manhães, Turma da Tribo é uma HQ selecionada no edital de literatura Simãzinho Sonhador, da Secult Amapá. Leia mais no site Chamando Superamigos.

Turma da tribo - resenha por Octávio Aragão

Muitas pessoas que receberam a Turma da Tribo têm elogiado o gibi, mas a primeira resenha veio do escritor e professor Octávio Aragão, um dos grandes nomes da ficção-científica nacional. 
Confira abaixo a resenha, publicada na página do Facebook do escritor: 

Recebida e degustada a bela homenagem que Gian Danton e Ricardo Manhaesfizeram às BD franco-belgas, Turma da Tribo. Apesar do formatinho (14,7 cm por 21 com) e da encadernação em canoa (dobrada e grampeada), as 28 páginas coloridas cumprem muito bem a função de apresentar a cultura indígena brasileira a um público infantil, com uma história rica em detalhes gráficos (é uma diversão detectar os desenhos polvilhados pelo ilustrador aqui e ali, tanto como composição de cenários, quanto em elementos sígnicos, como penas que funcionam como pontos de exclamação ou motivos indígenas que decoram o título). Apresentando personagens carismáticos e facilmente memorizáveis, Danton apresenta a mesma capacidade em criar situações cheias de ação e, ao mesmo tempo, didáticas, mas sem cansar o leitor, que demonstrou em na série de ficção científica Os Exploradores do Desconhecido, mas sem a seriedade. O humor em Turma da Tribo é efetivo e inteligente, explorando as possibilidades narrativas das HQ e o traço de Manhães, claramente depositário do estilo de Uderzo, Morris e Ibañez. O único senão talvez seja a trama resolvida de maneira muito rápida. Claramente a história merecia mais páginas, e por isso, fico na torcida para que vire uma série, pois tem tudo para agradar.

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