quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Entrevista com Júlio Emílio Braz


Júlio Emílio Braz é um dos mais famosos roteiristas de quadrinhos de Brasil. Também é autor de livros juvenis de grande sucesso, tendo ganhado inclusive o prêmio Jabuti. Ele cedeu um espaço em sua agenda para falar um pouco sobre sua experiência como roteirista.

1) Como começou a se interessar por quadrinhos?

Praticamente desde que eu aprendi a ler, pois os quadrinhos foram a minha cartilha. Eu aprendi a ler lendo quadrinhos.

2) Quais eram os autores de quadrinhos que você mais gostava?
Inicialmente, Goscinny e posteriormente, os roteiristas da revista Kripta. Atualmente, eu aprecio os roteiros de Otomo e os de Berardi e Milazzo.

3) Como começou a trabalhar com quadrinhos?
Eu fiquei desempregado e um amigo me indicou à Editora Vecchi que estava procurando roteiristas para suas revistas de quadrinhos de terrror. Lá, o editor Ota Barros me deu a minha primeira oportunidade.

4) Passou por quais editoras?
Vecchi, Grafipar, D'Arte, Riográfica, entre outras.

5) Como era a relação com os desenhistas?
No início, eu nem os conhecia pessoalmente. Somente quando comecei a trabalhar para as editoras paulistas é que tive um contato maior e pessoal com alguns deles. No entanto, muitos até hoje eu não os conheço como Zenival Ferraz.

6) Como era a relação com os editores?
Tranquila, apesar de alguns não terem o salutar hábito de pagar com regularidade.Mas, muitos eram pessoas excelentes, tais como: Rodolfo Zalla, Franco de Rosa e Ota Barros.

7) Na sua opinião, os roteiristas eram valorizados?
Sempre foram, até por que eram poucos.

8) Qual o seu melhor trabalho em quadrinhos? Por quê?
A série Tambatajá, feita em parceria com Mozart Couto e publicada na Bélgica. A razão principal era que os textos exigiam um roteiro mais elaborado e bem pesquisado.

9) Continua lendo quadrinhos? Pode citar obras e autores que ainda curte?
Com certeza, principalmente os trabalhos de Neil Gaiman.

10) Existe um discurso de que o Brasil não tem bons roteiristas. Você provou o contrário, indo para a literatura infantil e se tornando um sucesso de público e de crítica. Por que parece que o Brasil não tem bons roteiristas?
Porque no Brasil infelizmente existe ainda uma crença de que uma boa história é feita basicamente de um bom desenho. Portanto, muitos desenhistas acreditam que conseguem ilustrar e escrever bons roteiros. Alguns até conseguem, mas a maioria não. Outro ponto é que o roteirista é remunerado de maneira bem inferior ao que recebe o desenhista, o que afugenta aqueles que poderiam se interessar em fazer roteiros de quadrinhos. Com toda sinceridade, hoje eu ganho muito mais como autor infanto-juvenil do que ganhava como roteirista.

11) Quais são as qualidades necessárias para um bom roteirista?
Um bom roteirista tem que ser um grande leitor e não necessariamente só de quadrinhos, tem que sempre que possível, dialogar com o desenhista e acima de tudo saber o que pode e o que não pode exigir deste ou daquele desenhista com o seu roteiro. Exemplo: alguns desenhistas não gostam de roteiros que demandem grande pesquisa iconográfica ou histórica.

Conheça o site do Júlio Emílio Braz.

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