quarta-feira, 30 de setembro de 2009

O melhor roteirista da era de bronze


Parece que o legado de X-men ainda continua forte, tanto que deu a Chris Claremont o primeiro lugar entre os roteiristas da Era de Bronze dos comics, com sete votos. Em segundo lugar, ficou Roy Thomas, o homem que praticamente definiu a Marvel na década de 1970, com seis votos. Gerry Conway, Len Wein e Dough Moench empataram em terceiro, com três votos cada.

Não foi uma lavada, como a de Alan Moore sobre os outros roteiristas britânicos, mas mesmo assim mostra a importância desse roteirista.

Pessoalmente, não concordei muito, mas não interferi. Acho que Claremont teve um momento inspirado quando se juntou a John Byrne em X-men. A fase dos dois nesse gibi é uma das melhores coisas que já foram feitas com super-heróis em todos os tempos. A série tinha ação e profundidade psicológica na medida certa.
Mas o Claremont é um roteirista de muitos altos e baixos, mais baixos que altos. Outros da lista tiveram carreiras mais regulares, como é o caso de Doug Moench, que foi muito competente em toda a sua longa fase no Mestre do Kung Fu. Gerry Conway esteve com tudo na década de 1970, escrevendo algumas das melhores HQs do Homem-aranha, mesmo sob a responsabilidade de substituir Stan Lee. Além disso, ele fez duas obras-primas: Cinder e Ash e Esquadrão Atari, ambas com o magnífico Garcia Lopez.
Len Wein não fica atrás. Basta lembrar que foi ele que criou o Monstro do Pântano...
Conclusão: a Era de Bronze teve grandes roteiristas e não é fácil encontrar um só expoente.

Claro, como sempre faltaram nomes: Denni O´Neal, Steve Englehart, Bill Mantlo... Ficam para outra enquete.

A próxima enquete será sobre os roteiristas europeus.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Como escrever diálogos

Acredito que uma das coisas mais difíceis para o autor iniciante é escrever bons diálogos.Na verdade, confesso que recentemente li alguns autores já reconhecidos que tem problemas com isso. Portanto, esqueçamos o "iniciante" na frase anterior.Há diversos "crimes" que podem ser cometidos contra um bom diálogo. Assim, de cabeça, vou tentar lembrar de alguns que realmente me incomodam quando estou lendo um livro. Leia mais no blog do Alexandre Lobão.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Jornada nas estrelas - dívida de honra


Dizem que uma vez um jornalista brasileiro entrevistou Grant Morrison e perguntou-lhe qual sua opinião sobre o fato de que, no Brasil, os textos de Chris Claremont nos X-men serem cortados. Morrison teria respondido: "Sério? Deve melhorar muito!".
A anedota, verdadeira ou não, mostra bem os problemas do álbum Jornada nas estrelas - dívida de honra, de Chris Claremont e Adan Hugges (ed. Brainstore).
Há texto demais. E pior, texto inútil. Em uma das sequências, McCoy faz um monólogo analisando o Cap. Kirk. Trecho: "A perda de uma nave é por si um peso enorme para qualquer capitão, mas Kirk precisou destruí-la. Após roubá-la. O peso emocional, admitindo ele ou não, tem que ser muito maior".
Ou seja: a história fica estagnada para que um personagem possa analisar o outro. Aliás, esse texto parece muito com a sinopse dos personagens que a maioria dos roteiristas costuma fazer antes de começar a escrever a história. Isso deve aparecer na história nas atitudes do personagem. Colocar um outro personagem para analisá-lo parece uma trapaça, ou medo do roteirista de não ser compreendido. Além disso, o uso repetitivo desse truque transforma a HQ em uma novela, tirando todo o foco da ação.
Não é necessário sacrificar a ação para inserir profundidade psicológica na trama. O Esquadrão Atari (de Gerry Conway e Garcia Lopez) é um bom exemplo disso. A ação praticamente não para, mas os personagens são muito bem caracterizados e suas motivações são muito claras.
Lendo histórias como essa, eu começo a acreditar em algo que desconfiava há tempos: nos X-men o noveleiro Claremont foi salvo pelo John Byrne, que evitou seus excessos e introduziu mais ação na trama. Aliás, Byrne faz até algumas HQs legais, como Gerações, mas com foco exclusivamente na ação. Quando o homem de ação Byrne se juntou ao noveleiro Claremont tivemos uma das melhores HQs de todos os tempos. Separados, os dois não funcionam tão bem. Mas Claremont é o que mais perde.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

As motivações dos personagens

Todo personagem tem uma motivação, algo que o leva em frente e o faz enfrentar os desafios oferecidos pelo conflito.
Muitas vezes essa motivação pode ser representada por um ou mais objetos. Na primeira saga de Sandman, a motivação do personagem era recuperar os objetos de poder que lhe haviam sido roubados: a algibeira de areia, o elmo e o rubi.
Normalmente, os objetos materiais são apenas representações de motivações psicológicas, tanto que Sadman, após conseguir os objetos de volta, entra em depressão, pois a busca dos objetos era o que lhe dava forças para enfrentar racionalmente o fato de ter ficado tantos anos preso.
Em A Piada Mortal, a motivação do Coringa é provar que todos podem ficar loucos se tiverem um dia ruim. A motivação do Batman é exatamente o oposto. Claro que, nesse roteiro muito bem construído, as respostas não são tão simples e, no final, parece que nenhum dos dois consegue alcançar totalmente a sua motivação.
Durante boa parte da fase de Alan Moore no Monstro do Pântano, a motivação do personagem é saber mais sobre si mesmo, conhecer-se, o que leva o personagem a seguir John Constantine.
No livro Homens do Amanhã, Gerard Jones faz uma interessante análise das motivações do Capitão América, relacionando-as com as motivações de seus criadores: "Ele é o garoto subnutrido do gueto que adquire uma força desmedida ao agarrar as oportunidades americanas". Sua luta contra o nazismo é também a luta de seus criadores em busca de confiança em um mundo que perseguia os judeus. Assim, quando o Capitão América soca Hitler em uma das primeiras histórias, jogando-o no lixo, ele representa as motivações de todas as pessoas que se sentem oprimidas e gostariam de serem capazes de dar a volta por cima, vingando-se de seus opressores.
No filme UP, a motivação do velhinho ao voar com sua casa é voltar aos tempos de infância. A motivação do escoteiro, que quer ganhar mais um distintivo é, na verdade, conseguir a atenção do pai. O distintivo é apenas o objeto que representa a motivação do personagem.
Batman, o cavaleiro das Trevas, apresentou uma motivação global para o personagem ao mostrá-lo como alguém que luta contra seus próprios medos, tanto que adota a imagem dos morcegos que tanto lhe causaram pavor na infância. Essa motivação aparece, inclusive, na Piada Mortal.
Há histórias, criadas por roteiristas iniciantes, em que os personagens parecem não ter motivação. São só bonecos de palha, joguetes, que passam pela história, lutam, mas não se sabe porque estão fazendo isso. A falta de motivação os faz ocos por dentro.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Entrevista com o roteirista André Diniz, autor da história em quadrinhos 7 vidas


Pedro Brandt
Publicação: 13/09/2009 07:00 Atualização: 12/09/2009 10:21
Imagino que a respostas seja “sim” mas, você realmente fez terapia de vidas passadas? O que você achou do processo — quero dizer, além do que está na HQ? Acredita que se fizesse a terapia outra vez, suas vidas anteriores seriam as mesmas? Recomenda esse tipo de terapia para outras pessoas?
Claro! Quem dera eu ter criatividade pra inventar tudo aquilo... Foi uma experiência fantástica e riquíssima e recomendo a qualquer um, mesmo quem não acredita em vidas passadas. Pois mesmo que tudo seja fruto do inconsciente, em nada muda essa jornada de autoconhecimento que são as sessões de regressão. Acredito que, caso eu retome a regressão um dia, serei conduzido a vidas mais antigas, que era o caminho que as últimas sessões estavam tomando. Mas eram “lembranças” distantes demais, e como senti que as sete vidas já vistas que relato no livro se completavam muito bem, não creio que eu retome as regressões.

Você tentou manter a HQ o mais biográfica possível? O quanto isso pode limitar sua liberdade de criação?
Faz parte do jogo de um escritor ou roteirista romancear e florear um pouco — ou muito — a realidade para que um fato real gere um livro ou um filme interessantes. No caso da história desse livro, porém, posso te assegurar que tudo o que conto foi 99% assim, e não haveria problema algum em romancear mais. Só que tudo foi tão interessante exatamente da forma que aconteceu que o livro só perderia se eu mudasse alguma coisa. Mesmo cenas que vi e que não diziam nada, fiz questão de narrar. Também o que se passou na minha vida pessoal naquele momento, a perda de uma gravidez e uma nova gravidez surgindo nas mesmíssimas circunstâncias que a primeira, formaram uma linda analogia ao tema do livro, que são as vidas que vêm e que vão, e que voltam. As únicas adaptações que fiz foi mostrar cada vida sendo vista em uma única sessão, enquanto eu as via, na verdade, ao longo de duas ou três sessões diferentes; e também tive que criar diálogos onde haviam lembranças de cenas e de fatos, mas não exatamente de falas. Mas foi só isso, não mudei sequer a ordem em que tudo aconteceu. Leia mais

domingo, 20 de setembro de 2009

Os melhores roteiristas britânicos

Já tenho o resultado da primeira enquete deste blog. Perguntei quem era o melhor roteirista britânico. Foi uma vitória fácil. Alan Moore ganhou com 16 votos. Em segundo lugar ficou Neil Gaiman, com 4 votos. Em terceiro, Grant Morrison, com 3. Em quarto, Mark Millar, com 1 voto. James Robinson não recebeu nenhum voto. Assim, o resultado ficou, na ordem:


1 - Alan Moore

2 - Neil Gaiman

3 - Grant Morrison

4 - Mark Millar

5 - James Robinson


O resultado me parece justo. Se me perguntassem, eu colocaria os roteiristas britânicos numa ordem parecida. Só lamento que James Robinson não tenha conseguido nenhum voto. Ah, depois que fechei a enquete que lembrei de outros dois bons roteiristias: Jamie Delano (Hellblazer) e Garth Ennis (Justiceiro). Em todo caso, não cabia tanta gente assim e eles ficam para uma próxima enquete.
A próxima enquete será sobre os roteiristas da Era de Bronze.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Entrevista de Gian Danton a Milena Azevedo

1) Em 2008, na sua coluna do Digestivo Cultural, você escreveu um texto, em tom de desabafo, sobre a situação dos roteiristas de HQs, no Brasil. Todos sabem que uma HQ é composta por signos verbais e não-verbais, e que para que esses signos façam sentido é necessário que o roteirista elabore a história e dê as coordenadas ao desenhista sobre a disposição dos quadros ao longo das páginas; mas, ainda assim, só o desenhista acaba ganhando projeção. Você acha que a saída para essa situação seria a criação de uma Associação Nacional de Roteiristas de HQs, a qual estabeleça pelo menos um piso por página de roteiro, e que o nome do roteirista seja devidamente creditado na história?

Não sei se a criação de uma associação seria a resposta, pelo menos a única resposta. Mas poderia ser uma forma de forçar editores e jornalista a darem crédito aos roteiristas. A situação do roteirista no Brasil é tão complicada que, durante muito tempo, nem mesmo o prêmio Angelo Agotini de roteirista, ia para um roteirista. O Laerte, por exemplo, ganhou o prêmio durante uns cinco anos. Acho o Laerte ótimo, mas é injusto dar a ele um prêmio que deveria ser para roteiristas. No meu texto, eu falo de vários outros exemplos de desrepeito aos roteiristas por parte dos editores, fãs e jornalistas. Nos EUA essa mudança de mentalidade se deu em meados da década de 1970. Na época, a DC Comics contratou Jack Kirby como estrelando achando que o sucesso da Marvel se devia ao Rei. Resultado: as revistas lançadas por Kirby foram um fracasso e a Marvel continuou sua escalada de sucesso. Ficou claro que, embora Kirby seja um desenhista espetacular e um grande criador de personagens e universos, ele não era um roteirista e, portanto, seus plots, não conseguiam conquistar a fidelidade dos leitores. Na Marvel, Kirby era perfeito porque trabalhava com um ótimo roteirista, Stan Lee. No Brasil, esse tipo de percepção ainda não existe.


Além de roteirista, você é professor universitário, escreve livros teóricos sobre a relação ciências e HQs, e colabora com diversos fanzines e revistas eletrônicas. Existe uma linha que separa o "Gian" do "Ivan"?
Engraçado isso. Em Macapá eu sou conhecido como Ivan Carlo e como professor das áreas de marketing, comunicação e metodologia científica. Quase ninguém sabe que produzo quadrinhos e que também uso o nome Gian Danton. Inclusive isso já deu origem a episódios engraçados, como de um grupo de alunos que plagiou um texto meu (que estava na net assinado por Gian Danton) e me entregou! Essa separação Ivan-Gian acabou aconcendo naturalmente, mas virou uma estratégia de marketing, de posicionamento, que tem funcionado bem. Quando comecei, havia um certo preconceito no meio universitário contra os quadrinhos. Eu, um garoto de 24 anos, iniciante no meio de um monte de professores veteranos, não podia chegar falando de quadrinhos, ou não seria levado a sério. Hoje isso não é mais grande problema, pois já sou professor há 10 anos. Muitos dos professores universitários de Macapá foram meus alunos, então não preciso mais provar minha seriedade. Por isso, já começo a fazer essa ponte, mas apenas para os leitores do meu blog.


É sabido que o meio acadêmico ainda é um tanto quanto "fechado" para pesquisas sobre a arte seqüencial. Você já sofreu algum tipo de preconceito dos colegas por trabalhar com essa mídia?
Nunca diretamente, mas sempre houve sim um certo preconceito. Isso é provocado, entre outras coisas, pelo fato de que existem pessoas nada sérias no meio quadrinistico. Também é um preconceito provocado pela idéia de que quadrinho é desenho, sem necessidade de roteiro. Mas com o tempo a gente vai driblando esse preconceito, ao mostrar seriedade. Agora consegui, por exemplo, apresentar meu curso de roteiro para quadrinhos na modalidade a distância para o SENAC Amapá (sou professor de pós-graduação a distância no SENAC há três anos). Tinha apresentado essa proposta há mais tempo, mas só consegui emplacar o curso quando o SENAC São Paulo apresentou o curso e, na matéria de divulgação, me entrevistou. E assim que a gente vai contornando o preconceito...


Como estamos falando sobre roteiristas, quais são seus mestres nos cenários internacional e nacional, e quem você destaca, atualmente, como o melhor roteirista brasileiro de HQs?
Meu grande mestre, sem sombra de dúvidas, é Alan Moore, mas também gosto muito de outros roteiristas, pouco conhecidos no Brasil, como o belga Charlier e o argentino Oestherheld. Tenho até um texto chamado ¨Queria ser Charlier¨. Um bom roteirista tem que ler de tudo, não pode se prender a uma única influência. Quanto ao melhor roteirista brasileiro, boa pergunta. Temos alguns ótimos roteiristas, todos sem reconhecimento. Alguém que eu destacaria é o Leo Santana, que se tornará um grande nome da próxima geração. Tem também o ótimo André Diniz, o Matheus Moura, que está se destacando... existem muitos bons roteiristas. Só falta espaço e reconhecimento.

No seu blog, você posta "dicas" de como criar bons personagens, enredos, ambientações. Alguém já lhe agradeceu por essas verdadeiras aulas gratuitas?
Sim, vários roteiristas entram em contato, elogiando meus textos sobre a arte de escrever quadrinhos. Tenho até um fã em Portugal, que se encarregou de publicar minhas histórias por lá. Infelizmente, esse reconhecimento vem apenas da parte de outros roteiristas, e não de editores e jornalistas.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

O paradigma dos três atos nos quadrinhos

Desde o momento em que o homem começou a narrar as primeiras histórias, percebeu-se que havia uma certa divisão que tornava a narrativa mais fluida e interessante. Eram os atos, que, bem utilizados, prendiam a atenção do receptor .
A teoria dos três atos, propostas pelo roteirista e estudioso norte-americano Syd Field é a mais usada. Segundo, ela, um roteiro deve ser dividido em três partes. A primeira parte ocuparia um quarto do texto. A segunda parte, teria metade do roteiro. A terceira, um quarto.
No primeiro ato, são apresentados os personagens e o ambiente em que se passa a história. Essa parte tem a importante função de situar o receptor e fazê-lo simpatizar com o protagonista. É nessa fase que acontece a transferência e o leitor passa a se ver como o herói da história. No final o primeiro ato, ocorre um gancho, que puxa a história. O conflito se estabelece.
O segundo ato engloba a ação e a tentativa do protagonista em resolver o conflito.
Finalmente, no terceiro ato, temos a resolução do conflito.
Na história A Piada Mortal, de Alan Moore e Brin Bolland, os três atos são bem claros. No primeiro ato, acompanhamos Batman, que entra no presídio e conversa com o Coringa. Ele descobre que se trata de um impostor e que o verdadeiro Coringa fugiu. Enquanto isso, vemos o Coringa comprando um velho e perigoso parque de diversões. Os personagens são apresentados, assim como a ambientação da história. Sabemos que a trama irá girar em torno de Batman e Coringa e sabemos que a tentativa do Homem Morcego de entender a relação entre os dois será o tema da história. Ao mesmo tempo, vemos os flash backs do Coringa, mostrando sua tentativa de se tornar um comediante e a morte de sua esposa grávida. Toda essa introdução é usada para criar um clima de interesse no leitor e trazer à baila o tema principal da história: a dualidade, nem sempre nítida, entre loucura (Coringa) e sanidade (Batman).
Então, vemos o Comissário Gordon em sua casa, conversando com sua filha. Ela abre a porta. É o coringa e ele atira em sua coluna. Nesse momento temos o gancho que puxará toda a história. O Coringa seqüestra o Comissário e o submete a um grande stress, obrigando-o a ver a foto de sua filha nua e baleada. Temos duas narrativas paralelas: a busca de Batman em encontrar o Coringa e a tentativa deste de provar que todos são loucos.
O segundo ato termina quando Batman chega ao parque de diversões. A partir desse momento, a história se desenvolve no sentido de sua resolução. Ao contrário do que acreditam os pouco avisados, a Piada Mortal não trata de um conflito físico, mas um conflito mental. A tentativa de resolução é no sentido dos dois personagens compreenderam sua relação. Alan Moore, que adora roteiros em espiral, marca esse gancho com uma frase: “Olá, eu vim conversar.”, a mesma frase que inicia a história. É uma dica de que o conflito se aproxima de sua resolução.
Em outra história do Batman, Cavaleiro das Trevas, temos essa estrutura de três atos a cada capítulo. No primeiro ato, descobrimos que Gothan se tornou uma cidade extremamente violenta e que Batman se aposentou. Agora, Bruce Wayne passa o tempo arriscando a vida em corridas de automóvel. Também descobrimos que o Duas Caras, aparentemente curado, é solto. Sabemos também que Bruce Wayne tem pesadelos com o dia em que caiu num buraco e se viu frente a frente com uma nuvem de morcegos. No mesmo ato, descobrimos que o Duas Caras voltou ao crime. O primeiro ato tem o seu gancho na lembrança da morte dos pais de Bruce Wayne e no morcego que entra pela janela.
A página seguinte, em que uma senhora é atacada por um ladrão, já faz parte do segundo ato. Batman começa ali sua saga para lidar com seus medos, seus demônios interiores. Enfrentar e vencer Harvey Dent é um passo simbólico nesse sentido.
O momento em que o Duas Caras ataca as torres gêmeas marca o início do terceiro ato.
O primeiro ato pode se tornar pouco interessante para o leitor, já que ele é usado para ambientar a história e apresentar os personagens. Há pouca ação. Para tornar a narrativa um pouco mais agitada, alguns autores adotam uma espécie de prelúdio para fisgar a atenção do leitor.
Exemplo disso é Starman, de James Robinson. Na primeira revista vemos Starman sobre um prédio, preparando-se para alçar vôo. O texto exalta o poder do herói e de seu bastão cósmico. Quando, na página 3, o herói começa a voar, um tiro transpassa seu peito. Na página 4, ele está morto no chão de um beco sujo. Esse fato é o gancho que puxa o segundo ato. Na ordem cronológica, ele deveria ser mostrado no final do primeiro ato, já que é a morte do irmão que fará Jack Knight assumir o bastão cósmico, mas isso é antecipado. Só depois desse prelúdio é que conhecemos o personagem principal e o mundo em que ele vive. Essa atencipação do gancho cria interesse no leitor, que continuará lendo para saber como a trama chegou até ali.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Os roteiristas brasileiros

Um dos objetivos deste blog é resgatar e criar uma memória dos roteiristas brasileiros. Para isso, seria interessante criar uma relação dos roteiristas brasileiros, por geração. Coloco abaixo, alguns que me lembro. Se lembrarem de outros, por favor, avisem deixando um recado na caixa de comentários. Atenção: só valem roteiristas. Quem escreve e desenha entra em outra categoria. Outra coisa: só valem aqueles que tiveram uma produção regular.

Primeira geração (até o início da década e 1970)
Rubens Luchetti (várias histórias de terror)
Luis Meri (várias histórias, inclusive de guerra)
Francisco de Assis (escreveu roteiros para a Taika)
Carlos Magno (escreveu muito para a Edrel, e posteriormente, para a Grafipar)
Oscar Kern (roteirista da Disney)
Ivan Saidenberg (roteiristas de Terror da Outubro e, posteriormente, um dos mais importantes roteiristas Disney do Brasil)

Segunda geração (Grafipar, Vecchi)
Júlio Emílio Brás (escreveu roteiro para várias editoras, depois tornou-se autor de livros juvenis) Wilde Portela (fez muito sucesso com o personagem Chet, desenhado pelo irmão, Watson Portela)
Ataíde Braz
Luiz Antônio Aguiar
Ivan Jaff (escreveu roteiros para a Spektro. Depois tornou-se escritor de livros juvenis)
Nelson Padrella (escreveu roteiros para a Grafipar, conhecidos pela poesia e pelo jogo de palavras. Atualmente é um escritor e jornalista respeitado em Curitiba)
Jorge Fischer


Terceira geração (anos 1990)
Gian Danton
Marcelo Marat
Wander Antunes
Roberto Guedes
Dario Chaves
A. Moraes
Alex Mir


Quarta geração (anos 2000)
Leo Santana
Cadu Simões
Leonardo Melo
André Diniz
Matheus Moura
Wellingon Srbek (Solar, Histórias gerais)
Dark Marcos
Gonçalo Jr.
José Salles
Alexandre Lobão
Caetano Neto (Tianinha)
Daniel Esteves
Zé Wellington

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